A história clínica é extremamente importante no diagnóstico de doenças do esôfago. Com uma história adequada, é possíveldescobrir a causa dos sintomas na maioria dos casos. Mesmo assim, diversos exames complementares estão disponíveis e sãousados rotineiramente para confirmar o diagnóstico ou excluir outras causas. O principal exame complementar para a avaliação doesôfago é a endoscopia digestiva alta pois, apesar de desconfortável, é o exame mais eficiente para um amplo espectro de doenças eé o melhor para descartar ou confirmar a presença de câncer, pela possibilidade de coleta de material para biópsias. Outros examesfreqüentemente usados incluem o raio-X contrastado, a pHmetria e a manometria.
SINTOMAS
Alguns sintomas estão relacionados a doenças do esôfago e se referem diretamente a a causas específicas:Pirose (queimação) é a sensação de queimadura que sobe do epigastro(onde fica o estômago), pela região retroesternal (atrás do osso central dotórax) e que pode chegar até o pescoço. Costuma estar relacionado aalimentos e à posição (geralmente piora quando se deita). Cerca de um terçodas pessoas tem esse sintomas uma vez ao mês e 7% de todas as pessoastem esse sintoma diariamente. A grande maioria das vezes a queimação écausada pela doença do refluxo gastroesofágico (DRGE). Só com essesintoma, é possível realizar o diagnóstico correto da DRGE em 80% dos casos(valor preditivo positivo). No entanto, a ausência de pirose não descarta apresença de DRGE, pois apenas 80% dos portadores de refluxo apresentamesse sintoma.Regurgitação é o refluxo de pequenas quantidades de material de saborácido para a boca, geralmente após as refeições. Ocorre em cerca de um terçodos portadores da doença do refluxo gastroesofágico, mas podem ocorrerocasionalmente com qualquer pessoa, principalmente após refeições emgrande quantidade ou quando a pessoa tem o hábito de se alimentar poucoantes de deitar.Odinofagia é a dor após engolir, quando o alimento está passando peloesôfago. Esse sintoma é relativamente raro na doença do refluxo gastroesofágico, pois geralmente reflete erosões mais graves ouúlceras, particularmente aquelas causadas por infecções do esôfago (monilíase, citomegalovírus, herpes e outras) ou pormedicamentos.Dor torácica pode ocorrer por doenças do esôfago e pode ter as mesmas característicasde dor de origem cardíaca (angina). Cerca de 25 a 50% das dores torácicas sãoconsideradas dor torácica não cardíaca. Nem sempre a dor de origem esofágica aparece em conjunto de outros sintomas dispépticos, pode ser sintoma único em 10% dos casos. Aocontrário do que se costuma pensar, algumas medicações para doenças cardíacas podemmelhorar a dor causada por doenças do esôfago, portanto a melhora com medicamentosnão serve para diferenciar a dor cardíaca da esofágica. Obviamente, como os riscos dedoenças cardíacas são maiores do que das esofágicas, convém descartar uma causacardíaca o mais rápido possível.Disfagia é a dificuldade de passagem do alimento da boca até o estômago. Deve-sediferenciar a disfagia por um distúrbio da deglutição (ato de engolir) da por doenças doesôfago. A disfagia orofaríngea ocorre em até 1 segundo e geralmente é causada pordoenças musculares ou neurológicas, mas também pode ser causada por úlceras orais,tumores ou divertículo de Zenker. A disfagia de origem esofágica pode ter diversas causas.Essas podem ser divididas entre as por uma obstrução (como câncer ou a presença decorpo estranho), as por dificuldade do esôfago de coordenar a musculatura de modo apermitir a passagem adequada do alimento (como na acalasia e na Doença de Chagas) oudoenças inflamatórias (como na esofagite eosinofílica). Também é necessário diferenciar adisfagia da doença orgânica do globus faríngeo, uma situação principalmente relacionada adepressão ou ansiedade onde há sensação de “bola na garganta”, mas sem disfagia real.